"Autoridades apreendem em Albufeira quatro mil bolas de berlim impróprias para consumo."
02.08.2007 - Lusa O país da minha infância está a desaparecer. As bolas de berlim da praia, com recheio de ovo, meias quentes e suadas de andarem todo o dia a passearem na caixa dos bolos do vendedor ambulante. À mistura com os guardanapos de papel pardo e os trocos... e a areia que tinha nas mãos e que acabava sempre por comer juntamente com o açúcar. Claro que são impróprias para consumo. Que ideia peregrina!
Já não se comem carapaus com molho à espanhola na tasca da praia, nem se encontra um Sumol de ananás. Agora bebem-se caipirinhas, come-se picanha e o peixe grelhado na praia custa 30 euros por barba. O país está mais envernizado, mais polido, "chique a valer" diria o Dâmaso Salcede.
No país da minha infância, uma praia como deve ser, tinha mirones nas dunas, um banheiro a dormir a sesta na barraca, com tanga encarnada, bigode e fio de ouro incluídos, vendedores de gelados de "frutóóó chicolate", línguas de sogra e bolas de berlim. E as tascas tinham caracóis. E eu tenho saudades.
Não me preocupa a segurança alimentar, preocupa-me a perda de identidade.