É o que eu digo sempre. Ainda arranjo uma úlcera e não vai ser dos cubatas que bebo por aqui, mas de insistir em ler a imprensa portuguesa. Não basta uma pessoa ser emigrante e estar a bulir em Madrid num dia com a transcendência desta efeméride, vai senão quando, e vejo no Público o retrato de S.A.R. D. Duarte de Bragança, de bigodes e boné à farrusco, e em letras gordas por debaixo da dita foto, as suas declarações:"agora, mais uma vez, se houver uma grave crise, ninguém acredita que a democracia a resolva. As pessoas vão dizer que querem um militar que tome conta de nós.".
Que ideia peregrina! Primeiro, o Dr. Almeida Santos disse que não se podia fazer o aeroporto na margem sul, porque no caso de um ataque terrorista, mandavam a ponte pelos ares - kábuum!- e ficávamos isolados, depois a Dra. Ferreira Leite veio dizer que ele era seis mesitos de ditadura e - zás!- punha esta maltosa toda na ordem, e agora é S.A.R. que no 1º de Dezembro nos vem falar de crise grave, com escassez de combustível e de alimentos...
Enfim, há quem seja fan do Star Wars e do Darth Vader, pelos vistos a nossa elite política parece ter a colecção completa das sagas Mad Max, Waterworld, Conan - o rapaz do futuro, toda a grande temática do mundo depois do fim do mundo, em edição VHS de luxo.
Porém, a problemática começa a preocupar-me. S.A.R. conhece bem os seus súbditos. Basta ler as caixas de comentários do Público para ver como o povão anda chateado com a vida. Os professores andam chateados com a Ministra e há até quem diga que os magalas também andam chateados porque ninguém lhes liga nenhuma. E agora - horror- a crise, a escassez de alimentos, a escassez de combustíveis (para já não falar do ataque terrorista à ponte!!) e a turba malta a clamar por ordem e pela tropa... ora, é bem sabido que em Portugal a tropa só sai do quartel a dia 25, por isso este post era só para mandar saber se eu posso estar descansadinha e ir aí passar a consoada, ou se é melhor alterar o vôo, ou o passaporte, que já faltou mais.
É que aqui ao lado, mesmo com o desemprego a atingir os máximos de há 12 anos, terroristas a monte, o bilhete do metro que já aumentou duas vezes este ano e uma construtora a ir para o galheiro cada dia sim, e no outro também, apesar disto tudo, dizia eu, aqui ninguém chama pela tropa e na segunda-feira trabalha-se.