"Existe entre nós, portugueses, uma espécie de atavismo autofágico que nos torna nos principais inimigos de nós próprios e do que é nosso, e que se pode traduzir na expressão: “se é português é mau e se for bom nós estragamos”. [...] Neste mesmo atavismo parece incluir-se o recente ataque por que está a passar a banca portuguesa, reconhecidamente um dos melhores sectores económicos do País e que pede meças em eficiência e qualidade de serviço ao cliente em qualquer parte do mundo. Primeiro foram os lucros. Culturalmente, o lucro tende a ser considerado, entre nós, na margem do que é actividade legítima. Quando muito, poderá aceitar-se que haja lucros, desde que “moderados”. Inevitavelmente, lucros expressos em centenas (ou milhares) de milhões de euros não podem deixar de chocar a capacidade de compreensão de uma mentalidade “remediada” e habituada a pensar pequeno. [...] Talvez, num cenário que não é pouco provável, se a banca portuguesa se tornar num mero conjunto de sucursais de bancos estrangeiros e passar a deixar os lucros lá fora, torne toda a gente mais feliz, na linha do adágio salazarista: “pobretes, mas alegretes!” (Crónica de Vítor Bento in Diário Económico, 14 de Dezembro)
14 December 2006
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment