está na hora de voltar a queimar soutiens...

Ando para escrever este post há algum tempo. Notícias que leio aqui e ali e que me dão vontade de tirar a fotografia do palhaço em cartaz e pôr ali um retrato da Germaine Greer e transformar este blog num pasquim feminista...Ora, andava eu chateada porque as minhas Vogue de Setembro estão cheias de orelhas de coelhinha pós-modernas, o acessório-it da estação, cortesia do Marc Jacobs para a Louis Vuitton, e pensava eu que se fosse uma gaja cheia da nota -ainda ganhando um bónus 5 vezes inferior ao dos meus colegas homens, como parece que ainda acontece na City- mas ainda assim, cheia da nota, pois pensava eu que nunca jamais, pelos séculos dos séculos da eternidade, compraria o que quer que fosse da Louis Vuitton, nem de imitação. As mulheres ainda têm muito pelo que lutar, mesmo no mundo dito civilizado, para que ser mulher objecto tenha graça. Eis senão quando, detêm o Roman Polanski pelo caso de violação dos anos 70 e as opiniões dividem-se, que já foi há tanto tempo, vejam lá, o senhor até é um génio e a vítima até o perdoou. Esse até irrita-me! As vítimas até gostariam de esquecer o que lhes aconteceu, por isso até desistem das queixas, por isso e porque suspeito que a sociedade continua a preferir não acreditar na versão das vítimas. Como neste caso, o mundo das artes até veste a camisola para apoiar o suposto agressor... faz-me lembrar um processo oficioso que tive em que o marido bateu na mulher e ela até foi parar ao hospital e dois anos depois, no dia do julgamento, até apareceu ao lado dele e ficámos todos a saber que nesse período de tempo até tinham vivido juntos em casa de uns familiares dela, e que a família dela até tinha arranjado trabalho ao marido e agora ela até queria desistir da queixa. A psicologia do até. Andava eu a pensar nisto, que porra, já tenho dois posts em atraso e estou tão chateada que nem consigo escrever nada de jeito, quando hoje leio que um organismo mais ou menos duvidoso fez um estudo mais ou menos duvidoso, mas que foi publicado em vários jornais ditos sérios, o qual concluía que as crianças das mães que trabalham tinham mais riscos de ser obesas. A cereja encima do bolo. As mães que trabalham, essas grandes porcas! Fossem mas é para casa lavar no tanque e até se resolvia o problema do desemprego. Estatisticamente falando, evidentemente. Pode ser que para a próxima estação as modelos até desfilem passerelle fora com uma tábua de engomar debaixo do braço, quem sabe se cria tendência, quero uma tábua de engomar de marca... e ainda dizem que as feministas é que não têm sentido de humor.